quarta-feira, 6 de maio de 2009

Vende-se Beleza



O texto é de Lela. Alguém teria imagem melhor
pra ilustrá-lo?
Arrisquem.
Aproveitem e bebam as palavras dela.
Beijos e avante!!!

Querida Lane

Amei saber que você abriu essa cortina do motivacional e estará sempre me vendo no entorno desse tema. Amo escontrar pessoas que falam o que eu penso[ou nao] e lendo uma crônica de Zeca Baleiro, meu poeta maior que de tão gigante cabe inteiro no meu coração, percebo o quanto ele consegue verbalizar o meu pensamento... Divido com você e com Leone essas palavras que são dele na autoria e na expressão mas que também sao minhas no sentir. Acho importante e é também alusivo as fotos de Oprah.

VENDE-SE BELEZA
Nunca se falou tanto em beleza. Revistas especializadas são despejadas às dezenas nas bancas de revista toda semana, programas de tv são inteiramente dedicados ao tema, teses, palestras, conversas de botequim. Também nunca houve tanta ofertas de seus produtos, desde cirurgias e tratamentos até hotéis e spas devotados à “causa”. É a ilusão de que qualquer mortal, mesmo o mais “desqualificado” para tal, possa comprar beleza, da mesma forma como compra fósforos num supermercado que alimenta tão doentia industria, inflada (como corpos e egos) ao limite da loucura.
Mas a beleza nem sempre teve esse perfil anoréxico, anguloso e asséptico dos dias que correm, e por isso tão perseguido. As musas das telas renascentistas tinham gordurinhas de sobra e transpiravam sensualidade em seus nus voluptuosos, alem do que suas “sobras” eram também um símbolo de fartura matéria. Outros cânones de beleza existiram os mais variados, como a palidez romântica que contaminou o ambiente não só literário do século dezenove ou a desgrenhada silhueta da era flower and power.
Foi Hollywood, com suas Gildas, Sabrinas e Lauras, que ajudou a plasmar no imaginário do homem moderno um recorte irreal e aristocrático de beleza, mas mesmo nesse antro de beldades, sempre houve lugar para “outras belezas”, rostos exóticos, alguns quase feios, uns cheinhos e outros andróginos. Marlene Dietrich, Bette Davis, Anne Baxter e Greta Garbo estão aí e não me deixam mentir.
A recente descoberta de que Cleópatra não tinha a cara da Elizabeth Taylor, ou seja, não era bonita assim, ou, melhor dizendo, era feia pra dedéu, reacendeu a crença alentadora pra muitos, de que a beleza de fato não é tudo. A tal “beleza grega”, plasticamente perfeita em suas formas, traços e medidas, a beleza mítica certamente existe – e naturalmente não é invenção do cinema americano -, mas não é pro bico de todos. Seria lindo um mundo povoado por Julias Roberts e Brads Pitts, mas também seria um tédio. O certo é que por mais que se tente enquadrar as pessoas em padrões pré-concebidos de “beleza” (seja ela grega, americana ou etrusca), sempre haverá (graças a Deus e Afrodite!) controvérsias e um grande mistério em torno desse discutível conceito. Ademais, quem poderia dizer racional e convictamente “como se mesura a beleza”?
Outro conceito, o da “beleza interior”, este parece cada vez mais deslegitimado pelo uso piegas e sentimental, e também pelo crescente nivelamento dos “interiores”, se é que me faço entender. E aqui me reporto a duas piadinhas, infames e geniais, sobre o tema. Uma delas uma canção-piada do sátiro compositor paulista Mario Manga, que começa dizendo: “uma vez minha tia disse para mim / até que você não é tão feio assim / pois o que conta é a beleza / que esta dentro de você” – pra concluir com fina ironia: “olhe só que pâncreas / olhe só que pulmão... eu tenho um esôfago sexy / uma traquéia cumprida / uma laringe gostosa / que vai mudar a sua vida”. A outra, uma frase mortal que ouvi de um amigo carioca: “o que mais me interessa numa mulher é a beleza interior. Uma vez no interior, beleza!”.
Apesar de o mundo contemporâneo supervalorizar e exaltar a beleza, mesmo o que a bordo de velhos e higiênicos clichês, e de conduzi-la a um patamar cada vez mais excludente (um andor cujas santas são modelos magérrimas, sem “sustância” nem alma), parece não haver duvidas, mesmo pra esse mundo cosmético, que beleza só não basta, sempre carecerá de agradar os outros (também vagos) atributos, tais como charme, simpatia, sex appeal, “carisma” (outro mistério!), argúcia (beleza burra é beleza triste!) e mesmo o popular borogodó.
Assim, parodiando Vinicius, que em sua antológica frase pediu desculpas às feias, eu ousaria dizer, à guisa de provocação e receita: “os lindos que me perdoem, mas borogodó é fundamental!”.

Zeca Baleiro.

No seu blog tão musical que viaja entre Zeca e Pink Floyd receba o carinho de quem acha o Zeca Baleiro e Nando Reis os caras com as caras mais lindas do Brasil. Eu Lela, farta de carnes, poesia e musicalidade continua vivendo assim: tendo Paixão pela HUMANIDADE em geral e pelos SAPOS em particular...

Beijossssssssss

5 comentários:

  1. Querida Lela, obrigada por tão importante contribuição nesse Blog que também é seu. Aí ao lado vc já pode ouvir Janis Joplin. Vou aos poucos colocar aqui músicas da nossa preferência, e vc pode enviar suas sugestões, que faremos a nossa rádio particular. O pink Floyd que vc cita no comentário, foi enviado pelo meu amor, mas logo estará na rádio também. Beijos e obrigada

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  2. Lane Querida,

    Obrigada por difundir as palavras de Zeca em "nosso" cantinho virtual, que deve também prestar esse serviço público contra PREconceitos enfadonhos e execráveis, como vimos noticiar numas semanas atrás da cantora inglesa que na aparência fugia ao biótipo "padrão", mas a todos calou quando abriu a sua boca. Amei aquilo e se fosse um homem iria ao seu encontro poporcinar-lhe o primeiro beijo e a primeira noite de amor...

    Bem quanto a musicalidade blogal, ta demais...
    Vou contar um capítulo da minha biografia: Lá[ou aqui, sei lá] pela minha adolescência, tipo beirando 15, 16, fazendo teatro e estudando clarenete, resolvemos juntos, alguns coleguinhas de delírios e eu, fundar a COMUNIDADE INTERPLANETÁRIO ESPERANTO para estudarmos obviamente esperanto, filosofia, arte com muita músicaaa. Todos tinham um codenome... Todos muito loucos, piração interior, sem droga, só música nos entorpecendo... Eu muito louca, as mais loucas roupas, uma crina[ninguem tinha cabelo, tinha crina]descomunal, alourada e desalinhada pela cintura, um oclinhos básico de 25 graus de miopia e cara e quem? Janis Joplin era o meu nome, eu era praticamente a sua encarnação e ela ainda morreu no dia do meu aniversário, pode???

    Então Summertime, Mercedes Benz, Maybe, Piece of My Heart era o que eu mais ouvia quase como um mantra... Louca por Janis e pelo Pink Floyd nem precisa falar.

    Deixo esses versinhos de uma das mais lindas músicas de todos os tempos para você:

    Wish you were here

    So, so you think you can tell
    Heaven from Hell,
    Blue skies from pain
    Can you tell a green field
    From a cold steel rail?
    A smile from a veil?
    Do you think you can tell?

    Beijo querida e obrigada...

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  3. Quem quiser ouvir a música, é só clicar no texto.. "sem vc meu amor eu não sou ninguém" que ele é um link pra música. depois vou colocá-la na rádio. baby...adorei a música, continue assim tá? pq eu também sem você, não sou ninguém...

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  4. Beijos Lela, obrigada pelos versinhos, pela música, pelo texto, pela sua participação sempre tão bem-vinda nesse nosso canto de reflexão. Volte sempre!!!

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